Incondicionalmente mãe

www.youtube.com/watch?v=Cche-h83qNQ

Acordo cedo, ainda de noite e revejo King Kong, o da década de 70. E isso me fez pensar no amor incondicional. O amor de mãe. Feliz todos os dias mãe. Feliz todos os dias, mães. Um beijo especial para as mães que já se foram.

Só quem passou pela dor do parto deveria ter o direito do amor incondicional. Nem o mais apaixonado dos casais consegue ter o que uma mãe sente por um filho. Perdoar nossas falhas e desastres. E ainda por cima nos jogar para cima, não permitir que sejamos arrastados para as profundezas. Apoiar todas as nossas burradas. E demonstrar toda a corujice em nossas grandes e pequenas conquistas.

O amor incondicional está fora de moda em nossos dias, os trabalhos, as dificuldades, nossos egoísmos. Não nos permitem mais a entrega integral a alguém. Só as mães ainda são capazes disso. Brigamos, batemos boca com elas mas no fundo sabemos até onde vai sua razão e por pura teimosia não damos os ouvidos necessários. Sim, elas também sabem ser bem murrinhas quando querem, só quem tem o amor incondicional pode ter a certeza de que tem razão 100% das vezes. Ela tem certeza absoluta que sabe qual o melhor caminho para você trilhar. Afinal o amor incondicional é ainda mais cego.

Nos momentos mais difíceis é que esse sentimento vem a tona. Nada se compara ao amparo de mãe. Quantos sacrifícios mitológicos já foram feitos em nome dos filhos. Os pais também estão aí nesse momento, mas eles não sentiram a dor do parto. Não amam incondicionalmente como elas.

Nenhuma pessoa tem o direito de ser mais amada do que os filhos e nenhuma o é.

ps: Para o amigo Pablo Pires Fernandes e Izabel (in memorian) que me fizeram juntar as coisas nessa madrugada

K. (trecho)

O melhor que K. tinha a fazer era levar a encomenda de sua tia para casa. Não compartilhava os sentimentos familiares que tanto tentavam lhe empurrar. Sentia apenas que as aproximações se formam na empatia e não por laços sanguíneos. E apesar da utilidade e da necessidade do presente, não sentia a vontade de demonstrar isso.

Sentia apenas a vergonha de ter sua vida exposta em uma conversa informal que sua mãe teve com ela. Simplesmente tentava entender como o respeito havia sido deixado de lado. Ter seu espaço invadido se transformava em angústia e dor. K. simplesmente não sabia como lidar com a dor.

Sempre cuidava de só cuidar da sua vida e prezava isso. E queria que seus familiares também. Precoce e independente desde os seus 13 para 14 anos, não aceitava a interferência, não daquela maneira. Apesar de tudo K. levava sua vida de forma digna na maior parte do tempo, passava por todos os desafios com alguma categoria, mas dessa vez a coisa havia sido feia e realmente precisava de alguma ajuda, mas seu grito de socorro foi ouvido da forma mais vil possível.

Com vergonha da situação, K. ficou em casa por duas semanas. Aos 38 desistiu de sofrer e foi em uma viagem sem volta para o oeste brasileiro.

Bivuac


Conversando ontem com a amiga Rita sobre o Generik Vapeur e sua histórica apresentação de 1994 durante o primeiro FIT, me vi lembrando daqueles anos em Belo Horizonte e a importância daquilo para todos nós.

Belo Horizonte passava por um momento diferente, depois de quase um século a cidade via uma administração voltada para o povo e um sentimento de renovação pairava por aqui. Uma juventude inquieta, que vinha tentando achar seu caminho por uma cidade que não dava trela para nada. Havia um hiato da geração do final dos anos 80 e nós. Com dezoito a vinte e poucos anos não havíamos visto os shows no DCE, a explosão do Sexo Explícito e tal, estávamos sem onde escorar, nos apoiar ou espelhar.

E um pouco mais de um ano depois de o primeiro grito de independência ter sido dado com a abertura do SQUAT em maio de 1993, apareceram aqueles malucos azuis, com todo o caos que eles traziam descendo pelo centro da cidade, e dias depois pela Savassi, com fogos de artifício, música alta e pesada e o sentimento de termos tomado a cidade de volta para nós.

Foram belos aqueles dias que para a história de BH, poderiam ser comparados às barricadas de Paris de 1848. A cidade era nossa de novo.

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Reprodução accradotalttours.wordpress.com

MIMIMI

O sentimento da fome te faz ficar mais atento. E nada como uma geladeira vazia para te fazer valorizar os sentimentos de amor que a vida te apresenta. Falo amor por qualquer coisa. Pela alegria de comer um pão com queijo até a gentileza de uma paquera antiga.

Gostaria de trazer melhores novas, mas a do momento é essa. A dureza dos sentimentos invadiram outras áreas e nos transformam em pedra.
Sem espaços para trazer qualquer coisa bonita para perto, apenas o instinto de sobrevivência. A vontade de continuar lutando e seguindo em frente por mais um dia.

Gostaria profundamente de trazer apenas exaltações e fotos de gatinhos. Mas a percepção de abandono das coisas boas nos afasta ainda mais delas ou nos deixa mais fortes para seguir na luta?

Mas ainda acredito no amor e no poder de um bom prato de macarrão. As alegrias, por menores que sejam, ainda nos empurram para frente. As esperanças de que aquela moça hoje vai ter dar ao menos uma olhadela, te jogam para frente. A vitória de seu time ou a derrota do rival te jogam para frente. Levaremos em frente a audácia de querer vencer esta guerra que a vida nos cospe na cara. Livres sempre, pois não são os obstáculos e o vazio que nos jogarão na vala comum do desespero humano. Afinal Guerra é paz nas estradas da vida.

Deixo vocês com esta singela canção do Baden Powell e do Paulo César Pinheiro, para sempre valorizar o que se tem. Beijos a todos e bom dia https://www.youtube.com/watch?v=CF6jwi4EmLs